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lunes 20 de noviembre de 2023
São Paulo. Ônibus elétrico pode causar falta de luz com apagão? Estudo da ANTP revela preocupação
Segundo trabalho de Fernando Fleury Filho e Rodrigo Eduardo Dias Verroni, a depender da capacidade dos carregadores instalados e do número de veículos que estarão em processo de recarga de forma simultânea, a reforma dos sistemas elétricos será necessária.
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Um estudo da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), de outubro de 2023, reforça as preocupações sobre a necessidade de adequações nas redes de distribuição de energia elétrica nos bairros para que não falte luz na casa das pessoas que moram perto de garagens que terão ônibus elétricos.

Segundo o trabalho, dependendo do número de ônibus carregando as baterias, mesmo que de madrugada, devem ser instaladas subestações específicas nas regiões das garagens.

“Enquanto para o ônibus a diesel o abastecimento é de tecnologia bem definida e largamente experimentada (bomba de combustível), cujo carregamento é muito rápido, os equipamentos de carregamento de veículos elétricos ainda estão em fase de amadurecimento tecnológico. A infraestrutura elétrica necessária para suportar o carregamento de baterias constitui um item de grande importância e difícil padronização«.

«A depender da capacidade dos carregadores instalados e do número de veículos que estarão em processo de recarga de forma simultânea, a reforma dos sistemas elétricos poderão implicar a implantação de subestações de média capacidade que demandarão autorizações específicas, projetos particularizados, análise da rede de transmissão, além dos custos dos equipamentos em si”, diz o documento.

Intitulado Custos dos Serviços de Transporte Público por Ônibus Elétrico – Metodologia de Cálculo e Parâmetros”, o trabalho foi conduzido pelo professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Fernando Fleury Filho, e pelo Engenheiro Civil/Escola Politécnica/USP, Mestre em Transportes/UNICAMP e Consultor de Transporte, Rodrigo Eduardo Dias Verroni.

Ao Podcast do Transporte, Fleury disse que existem sim riscos de desabastecimento de energia caso as redes de distribuição em cidades como São Paulo não sejam adequadas para uma grande frota de ônibus elétricos.

«Não é pelo fato de ser uma linha de tendência que o movimento tem que ser feito de forma abrupta, descoordenada ou intempestiva Nós vamos ter que fazer essa transição de forma gradual, entendendo  os próprios limites sobre a eletrificação da frota, limites que por um lado vêm exatamente da criação de uma margem de segurança pra que os serviços possam ser sempre prestados com a qualidade necessária, limites estabelecidos sobre a própria capacidade de geração e distribuição de energia pra que a gente evite, evidentemente, riscos de desabastecimento pela forte demanda que uma eletrificação representaria para toda capacidade de produzir e distribuir energia no município de São Paulo ,desafio sobre a capacidade financeiras das empresas e etc».

«Essa foi, infelizmente uma aprendizagem na prática sobre uma das vertentes, mas que de certa forma alerta para o todo, a gente tem que planejar com muita cautela essa transição».

Segundo o especialista, a preocupação não pode ser confundida com ser contra ônibus elétricos, mas é acima de tudo preparar as cidades para que uma boa solução ambiental (mesmo não sendo a única), que é a eletrificação da frota do transporte coletivo, não seja prejudicada porque questões básicas não foram resolvidas.

Nesta semana, como mostrou o Diário do Transporte, durante o evento Eletric Day na fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, os executivos da fabricante disseram que as redes de distribuição da cidade de São Paulo precisam ser modernizadas para dar conta da meta da prefeitura de 2,4 mil e 2,6 mil ônibus elétricos até o fim de 2024.

O diretor de vendas e marketing da Mercedes-Benz, Walter Barbosa, disse que estudos feitos para a realidade de São Paulo mostram que com a atual rede de baixa e média tensão, que é a maioria na capital paulista, bairros com garagens com 50 ônibus do tipo padron ou 30 articulados, podem ficar sem energia caso estes veículos sejam carregados ao mesmo tempo.

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