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viernes 15 de septiembre de 2023
Diante do recorde de «vendas chinesas», os impostos sobre elétricos voltariam: impulso ou retrocesso no Brasil?
Em fevereiro, a ANFAVEA revelou a intenção de solicitar ao Governo o fim da isenção dos impostos de importação para veículos elétricos. Hoje, o debate continua intenso no setor. O Portal Movilidad conversa com os participantes da indústria.
Eletricos
A associação de fabricantes defende o retorno dos impostos de importação sobre veículos elétricos.
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A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) espera que o Governo Federal anuncie até o final de setembro o fim da isenção de impostos para a importação de veículos elétricos e híbridos. 

A medida impactaria diretamente a importação de veículos leves, como carros elétricos e híbridos, caminhões e ônibus

O valor dos impostos deve voltar a ser de 35% sobre o preço dos veículos, aplicado anteriormente até 2015.

Será levado em conta para unidades de países que não têm acordo comercial com o Brasil, como Mercosul e México, e será implementado gradualmente nos próximos três anos.

O pedido a ser discutido na Comissão de Assuntos Econômicos foi debatido anteriormente na comissão da ANFAVEA, que tem 26 membros associados

Márcio Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), em uma coletiva de imprensa, disse ser a favor do retorno dos impostos de importação.

A razão para a retirada da isenção seria a competitividade das marcas chinesas que estão ganhando espaço no Brasil, ao que o representante da ANFAVEA argumenta: «Há uma invasão de produtos asiáticos, principalmente da China, na América Latina». 

Arthur Carneiro Neto, analista de mercado automotivo e consultor do Grupo Primavia, empresa que comercializa veículos da Fiat, Nissan, Jeep, Renault, RAM, Dodge, Chrysler, Peugeot, Citroen e Ventura Marine, disse ao Portal Movilidad:

“Olhando friamente, acho um grande retrocesso”.

Na mesma linha, Wanir Souza, consultor de negócios e atendimento ao cliente no setor automotivo, explica ao Portal Movilidad:

“As vendas até agora neste ano já superaram as de todo o ano de 2022, mas se for aprovado o retorno do imposto de importação de 35%, os preços dos veículos eletrificados, que já são altos, se tornarão impraticáveis e muito superiores aos preços dos veículos similares a combustão, tornando-os menos competitivos».

E acrescenta: «É um mercado que tem tudo para crescer, mas temos barreiras a enfrentar, que são, em primeiro lugar, a questão do preço, que, se aumentar com o novo imposto de importação, será ainda mais acentuado».

Ocorre que, hoje, as importações de marcas chinesas explicam o aumento da participação dos veículos produzidos nesses países no mercado latino-americano e também a queda das exportações brasileiras.

Além disso, em abril, a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) antecipou o segundo semestre do ano e propôs ao governo um imposto baixo para carros elétricos com aumento gradual.

Em outras palavras, a expectativa do imposto de importação sobre o segmento motivaria as empresas a produzirem veículos elétricos no Brasil, e é pertinente mencionar que ainda não há empresas locais fabricando veículos elétricos. 

Em relação ao segmento de veículos como ônibus elétricos, Miguel Angelo Pricinote, Subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte do Governo de Goiás, disse ao Portal Movilidad:

“A oneração das importações pode proteger a indústria automobilística nacional da competição estrangeira, mas também pode inibir a inovação e o avanço tecnológico, uma vez que as empresas locais têm menos incentivos para melhorar seus produtos”.

E acrescenta: «A imposição de tarifas ou restrições pode proporcionar proteção temporária, mas, a longo prazo, a dependência contínua dessas barreiras comerciais pode criar um setor menos competitivo e menos preparado para enfrentar a concorrência global quando as barreiras forem removidas”.

Outras vozes também deram sua opinião. Esse é o caso da BYD, líder de vendas em agosto no mercado de carros elétricos

A montadora chinesa criticou a posição da entidade que representa os fabricantes locais, a ANFAVEA.

A informação é da Reuters, que entrevistou Alexandre Baldy, assessor especial e porta-voz da BYD no Brasil, onde o executivo foi bem claro ao condenar a declaração sobre um assunto ao qual ele alega: «Ainda não está decidido».

Marcas chinesas batem recordes de vendas do elétricos

De acordo com os últimos dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o mercado brasileiro de veículos eletrificados manteve um forte ritmo de vendas durante o primeiro semestre do ano.

Nesse caso, o recorde está se aproximando rapidamente da marca histórica de 10.000 unidades somente em agosto

O crescimento nos últimos meses foi fortemente impulsionado pelas marcas chinesas, como BYD, GWM e CAOA Chery, que têm sido agressivas no lançamento de novos modelos e anunciaram investimentos no Brasil.

A CAOA Chery vendeu 1.711 unidades, a BYD 1.454 e a GWM 1.451 entre os segmentos eletrificados.  

A participação dos veículos plug-in (BEVs e PHEVs) no total de vendas de veículos eletrificados foi de 52% em agosto (4.874 veículos), um pouco maior do que a soma dos HEVs e HEV flex, que foi de 48% (4.477 veículos).

Entre os modelos eletrificados mais vendidos dos principais fabricantes chineses em agosto estavam o Song Plus GS Dm da BYD (761) e o Dolphin G (371). 

Da CAOA Chery, o Tiggo 8 (691), o Tiggo 7 PRO HA (361) e o Tiggo 5X PRO HA (294).  

Da GWM, a linha Haval H6 (520), o Haval H6 GT (519) e o Haval H6 Prem (412).

O Brasil tem 49.052 veículos leves eletrificados registrados no primeiro semestre de 2023, quase o mesmo número que em todo o ano anterior.

A participação de mercado dos veículos eletrificados cresceu consideravelmente e, em agosto, atingiu a marca histórica de 4,75% do total de registros de veículos leves no mercado nacional.

Leia mais: Brasil analisa investimentos em mobilidade elétrica com a China e bate recorde de vendas

 

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