A Ford do Brasil anunciou na segunda-feira (26), em São Paulo, a chegada do E-Transit Chassi, configuração elétrica do veículo comercial até então disponível apenas com motor a diesel.
Segundo a empresa, é o primeiro veículo com motorização elétrica do segmento chassi-cabine de até 5 toneladas de peso bruto total (PBT) a ser vendido no Brasil.
Este novo produto faz par com o E-Transit Furgão lançado em 2023, em versões para transporte fechado de cargas ou de passageiros (Minibus). Para a Ford, os principais usos estão nos setores de entregas urbanas (VUC) e rodoviárias de curta distância.
O preço inicial do Ford E-Transit Chassi é o mesmo do E-Transit Furgão, de R$ 542 mil, para a configuração chassi-cabine com PBT de 3,5 toneladas (para motoristas com CNH do tipo B).
Já a versão com PBT de 4,2 t (que exige CNH a partir do tipo C) parte de R$ 562 mil.
A capacidade de carga útil das configurações é de 1.300 kg a 2.100 kg, respectivamente, ou até 21m³ de capacidade volumétrica total.
Força e autonomia
O Ford E-Transit Chassi tem motor-gerador de 269 cavalos (128 kW), com torque de 43,84 kgfm e tração traseira.
O conjunto de baterias de lítio tem 68 kWh, enquanto o carregador usa o padrão Tipo 2, europeu, comportando recargas em até 35 minutos (em corrente contínua, 115 kW) ou 8 horas (corrente alternada, 11,5 kW).
A autonomia no ciclo europeu (WLTP, laboratorial) é de 317 quilômetros, mas os engenheiros da Ford admitem que testes de 60 mil km feitos na América do Sul (Brasil, Argentina, Chile e Colômbia) com 11 protótipos, em parceria com 10 empresas parceiras, apontam uma autonomia mais realista de 260 km com o conjunto carregado.
Esse conjunto permite ainda a escolha de três modos de condução: Normal, Econômico e Escorregadio, contando ainda com sistema de regeneração de energia (em frenagens ou quando o veículo não está em aceleração), além de gerenciamento de carga em tempo real para maximizar a vida útil da bateria.
Custo operacional
O E-Transit tem um PBT um pouco menor do que o da configuração a diesel, de 4,2 t contra 4,7 t, por conta da mecânica.
Isso porque a variante elétrica inclui o longo e grande pacote de baterias e sistema gerador integrado ao eixo traseiro, o que fez a Ford optar por um conjunto de suspensão traseira independente, com feixe de molas.
No comercial a diesel, a suspensão traseira é por feixe de molas rígido.
A contrapartida, segundo a Ford, vem no custo de operação até 40% menor, por conta de até 86% a menos de peças com desgaste de uso, bem como a integração de conectividade de série, que permite ao cliente definir e monitorar a rota, bem como à Ford acompanhar e antecipar questões de manutenção, reduzindo assim períodos em que o veículo fica fora de ação.
A Ford também aplica garantia de 3 anos ou 100 mil km para a linha, enquanto a bateria tem garantia de 8 anos ou 160 mil km.
Mais uma vez, executivos apontam que o conjunto elétrico tem duração estimada média de 10 anos pelos testes iniciais.
Como diferencial, a marca cita ainda o sistema de auxílio semiautônomo ao condutor (Adas), incluindo ainda sistema de auxílio por câmeras de 360º, para reduzir riscos de colisões ou atropelamentos, além de central multimídia SYNC de série.
“A vida útil atual da bateria vai além dos 8 anos de garantia, está por volta de 10 anos atualmente, mas, de novo, com análise se estendendo conforme o uso e conforme a frota rodante vai se ampliando”, afirmou Rogélio Golfarb, vice-presidente da Ford para América do Sul.
“Já estamos com desenvolvimento da remanufatura e reuso de baterias em outras áreas, mas, de novo, o desenvolvimento de tecnologia ainda é recente e vai acontecendo com o tempo”, concluiu.
Estratégia elétrica
Segundo os executivos da marca, o anúncio faz parte ainda da estratégia global de oferecer, também no Brasil, além de picapes (Maverick, Ranger e F-150), SUVs (Transit, Bronco Sport e Bronco) e esportivos (Mustang), veículos comerciais e elétricos (Mustang Mach-E entre os carros de passeio, bem como essa linha E-Transit).
Faz parte ainda de uma antecipação ao movimento que solidificou no Brasil, desde 2022, uma nova preferência por veículos de uso misto (de passeio com capacidade de carga) e com motricidade alternativa à combustão (híbridos e elétricos).
Apenas no segmento comercial, este é o quinto novo produto apresentado em menos de um ano.
Segundo dados da própria Ford, a nova geração da Ranger nas versões de base XL e XLS já respondem por 10% do mercado; e as versões Furgão e Minibus de Transit perfazendo 10% e 12% respectivamente.
De acordo com Guillermo Lastra, diretor de vendas de veículos comerciais da Ford, o crescimento de participação foi de 60% frente ao período anterior às atualizações (2022), enquanto o total absoluto de entregas quase dobrou, saltando de 3.200 para 6.200 unidades.
Para 2024, a Ford já contabiliza 300 entregas do E-Transit na configuração Furgão/Minibus.
“Estamos dentro da nossa estratégia de focar em picapes, SUVs e veículos comercias, que tem se mostrado muito acertada pelo crescimento que estes segmentos têm, muitas vezes, acima da média da indústria”, complementou Golfarb.
Ainda segundo o vice-presidente regional, para 2024, a Ford planeja crescer 10% no segmento de furgões e veículos comerciais sobre chassis, enquanto a média projetada para a indústria como um todo é de pouco mais de 6%.