«São necessárias metas nacionais ambiciosas para a transição do transporte«, concordam a Associação Internacional de Transporte Público (UITP), o WRI Brasil, o Fórum Internacional de Transporte (ITF) e a Higer Bus.
No âmbito do evento do Portal Movilidad sobre o México e o Brasil, as instituições convidam o Governo Nacional a analisar o trabalho de países latino-americanos, como a Colômbia e o Chile, que estão progredindo graças à implementação de políticas nacionais de mobilidade elétrica.
Em princípio, eles pedem um planejamento de longo prazo, levando em conta o setor e seguindo os passos exatos de onde querem chegar.
Virginia Bergamaschi Tavares, coordenadora de Eletromobilidade do WRI Brasil, argumenta:
«É fundamental ter políticas que incluam a eletromobilidade no transporte público aqui no Brasil».
Ela acrescenta: «Várias cidades já têm leis, decretos ou mesmo diretrizes estabelecidas em seus contratos de concessão, onde o único objetivo é descarbonizar a frota, mas uma estratégia nacional é importante para coordenar os diferentes esforços».
Na mesma linha, o trabalho de descarbonização do transporte se tornou uma prioridade para os países membros das instituições e agora é um fator crítico para atrair investimentos.
Marcio Deslandes, Manager do International Transport Forum (ITF), comenta: «O Governo deve ser um ator importante no setor. Para a eletrificação do transporte, é prioritário que ele viabilize os instrumentos necessários, como políticas públicas, modelos de licitação, entre outros».
De fato, São Paulo, Curitiba, São José dos Campos, Cascavel e Salvador estão entre as primeiras regiões locais a marcar o ritmo das iniciativas nesse sentido.
Além disso, a eletrificação sempre acaba sendo a principal tecnologia para a transição da frota. Sem Euro 6, sem biocombustíveis.
Além disso, as instituições concordam que, para alcançar a descarbonização, não apenas a legislação local, mas também os modelos de financiamento devem ser levados em consideração.
Nesse sentido, Eleonora Pazos, Head Latin America Regional Office da International Association of Public Transport – Advancing Public Transport (UITP), destaca que é importante encontrar um modelo de negócios para desenvolver localmente a compra de novas frotas elétricas.
Ela explica: «Se combinarmos os melhores produtos com a produção local, teremos algo espetacular para o mercado, pois estaremos movimentando a economia. Acho que essa é a mensagem da mobilidade e o que a UITP está defendendo, e o Brasil pode dar esse salto”.
Assim, uma política pública nacional com foco em incentivos e apoio ao setor levaria a indústria brasileira a se tornar uma grande exportadora, como nos anos anteriores.
Enquanto isso, Marcelo Barella, Sales Director Brazil-Venezuela-Colômbia da Higer Bus, ressalta que há 10 anos o mundo olhava para o Brasil como um fabricante automotivo latino-americano e o tomava como exemplo.
E ele acredita: «Hoje, no Brasil, a eletromobilidade está avançando mais rápido do que as indústrias e muitas empresas não estão preparadas para produzir ônibus elétricos.»
Por um lado, o Governo precisa superar o desafio de encontrar um modelo de negócios que possa realmente fazer esse desenvolvimento acontecer localmente, mas, ao mesmo tempo, precisa rever a questão operacional da transição.
«As linhas de financiamento acompanharão os novos modelos e já temos exemplos de sucesso no continente», diz ele.
Isso se refere ao fato de que Colômbia, Chile, México, Guatemala, Paraguai e Uruguai estão envolvidos em políticas de licitação para a compra de ônibus elétricos em suas cidades.
Embora no Brasil a produção local e as negociações entre empresas privadas e municípios estejam começando lentamente, as entidades acreditam que «as medidas devem ser tomadas com cuidado».
Além de lembrar que a transição da frota pública não é apenas a compra de um ônibus elétrico: «Ela deve ser acompanhada de uma boa rede de carregamento e de questões operacionais».