As montadoras, juntamente com a empresa de infraestrutura de frete EVPV Power e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), concordam que é preciso haver previsibilidade por parte do governo nacional para que o setor continue a crescer e seja um modelo na América Latina.
Eles foram convidados pelo Portal Movilidad no âmbito do especial: «Investimentos eMobility 2023 no México e no Brasil: Cúpula de líderes do setor» para analisar o mercado.
O país está fazendo incursões na mobilidade elétrica com veículos 100% elétricos importados e com pouca produção local de veículos híbridos, que são montados pelas poucas montadoras que investem no país.
Mike Munhato, eMobility Business Development Manager da Mercedes Benz, diz ao Portal Movilidad:
«Acreditamos que a previsibilidade por parte do governo é importante. A Mercedes Benz investe no Brasil e defende a eletrificação, queremos que a indústria local cresça e estamos estudando os melhores caminhos para esse setor»
Vale ressaltar que a empresa está no top 5 do mercado de caminhões e ônibus no Brasil, onde também é líder de mercado há mais de 60 anos.
Nesse sentido, Munhato ratifica a necessidade de implantar a produção principalmente de veículos pesados para o setor agrícola.
Ele diz: «Temos um papel muito importante a desempenhar nessa transição, mas acredito que os fabricantes devem ser incentivados a trazer novas tecnologias».
Da mesma forma, Guilherme Teles, Head de Planejamento de Produto da Great Wall Motor (GWM), acredita que:
«O Brasil é dinâmico e, quando analisamos os investimentos de longo prazo na produção nacional, entendemos que a previsibilidade e os impostos de importação são muito importantes para nós.»
Ele acrescenta: «Você começa com um carro importado que é aceito no mercado, aumenta o volume e faz a produção local, mas com segurança no setor você pode gerar prioridades.
A notícia de que a montadora chinesa lançou na semana passada seu primeiro carro totalmente elétrico no Brasil é sua principal aposta internacional.
Ela anda de mãos dadas com a expansão de sua gama de modelos enquanto se prepara para iniciar a produção local no próximo ano.
Na mesma linha, a Audi do Brasil está apostando no país como o país que está considerando para sua estratégia de se tornar 100% elétrica nos próximos anos.
Gerold Pillekamp, Head de Marketing e Comunicação na Audi do Brasil, ressalta que os desafios são muitos, e afirma:
«O Guilherme mencionou muito bem que se espera previsibilidade para o setor em relação aos impostos de importação».
Embora iniciativas públicas como a redução do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ou o rodízio de veículos nos municípios sejam muito importantes, o setor defende um futuro eletrificado, sustentável e conectado.
«Temos um compromisso muito forte da Audi para os próximos 10 anos, estamos instalando um carregador de 350 kW e penso por que não produzir no Brasil… as condições devem ser adequadas», diz Pillekamp.
As empresas privadas visualizam a democratização de diferentes tecnologias.
O Brasil está crescendo rapidamente e o setor de eletromobilidade está entrando no mercado. Empresas automotivas, de energia e de infraestrutura de recarga estão buscando posicionar o país entre os primeiros da América Latina.
Na mesma linha, a falta de estações de recarga é uma realidade que afeta os usuários e só é aliviada por empresas privadas.
Diogo Seixas, CEO da EVPV POWER, empresa especializada em tecnologia e infraestrutura de recarga, faz um panorama geral e indica que oferece a integração da infraestrutura de recarga com sistemas de armazenamento de baterias por vários motivos.
Ele explica: «O armazenamento de energia desempenha um papel importante como um amortecedor entre a rede e o carregador. A Audi instalou um carregador de 350 kW e há várias unidades de 150 kW, mas muitas vezes você não tem a infraestrutura elétrica necessária no país.
O maior número de pontos de carregamento está no sudeste do país, deixando em suspense os usuários que querem viajar para outras regiões.
Seixas diz: «O Brasil está engatinhando, mas já temos alguns projetos-piloto em conjunto com fabricantes de veículos e veremos que essas estruturas estarão em rodovias e estradas que muitas vezes não têm disponibilidade de eletricidade, portanto esses sistemas de armazenamento se encaixarão muito bem.
O debate está ocorrendo entre as associações que retransmitem não apenas as vendas de veículos elétricos e os benefícios para o setor, mas também as previsões necessárias para a indústria.
Nesse sentido, Henry Joseph Jr., diretor técnico da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), alerta:
«Para os operadores de ônibus elétricos, o preço do veículo terá de ser recuperado na tarifa e, de alguma forma, discutido com os municípios. É uma questão delicada, mas está sendo resolvida e, embora haja importação de componentes, os veículos elétricos são uma realidade que já está acontecendo na indústria automotiva local».