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viernes 14 de julio de 2023
BNDES estuda elétricos no transporte urbano em mais de 30 cidades
De acordo com Luciana Costa, diretora de Infraestrutura do banco, maior desafio da eletrificação é a estruturação do Capex.
BNDES
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está olhando para a eletrificação do transporte urbano em mais de 30 cidades brasileiras, segundo a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática, Luciana Costa.

Ela participou na terça (12/7) de um evento do banco para apresentar a ambição climática na área de infraestrutura.

A instituição de fomento está desenvolvendo uma carteira de projetos para as 21 regiões metropolitanas do país.

“Mobilidade urbana é uma das rotas importantes de descarbonização, junto com hidrogênio verde, e já faz sentido do ponto de vista de investimento, de retorno, substituir ônibus a diesel, por ônibus elétrico”, defendeu.

A diretora conta que o BNDES enxerga um potencial enorme nessa área, do ponto de vista de investimentos, com espaço para diferentes players atuarem – setor privado, bancos, mercado de capitais, instituições multilaterais e fundos de investimentos.

Com uma frota de 107 mil ônibus, o Brasil tem atualmente cerca de 350 veículos eletrificados no transporte público. Renovar toda essa frota levaria 13 anos, a um custo de cerca de R$ 214 bilhões.

“O desafio da eletrificação é a estruturação do Capex, porque o Opex é muito favorável. É uma tendência mundial. 43% da poluição dos grandes centros urbanos vem de ônibus e não só de gases do efeito estufa, mas de material particulado, que faz muito mal para saúde”, comenta.

No caso do Capex, Luciana avalia que o desenvolvimento de um mercado de carbono no Brasil, ao precificar a externalidade negativa do consumo de fósseis, pode acelerar essa transição.

“É uma forma de o Brasil se reindustrializar em bases verdes, porque nós já temos uma indústria de ônibus no país”.

Plano de transição

No início de junho, a brasileira Eletra anunciou o investimento de R$ 150 milhões em um portfólio de ônibus elétricos, durante inauguração de sua fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, com a presença do presidente Lula (PT).

Na ocasião, Lula defendeu o papel do Estado no fortalecimento da indústria nacional, e encomendou ao ministro da Educação, Camilo Santana (PT/CE), a renovação das frotas de ônibus escolares.

“Nossa frota de ônibus já está muito velha. (…) É preciso renovar para vender mais ônibus, gerar mais empregos e fazer a economia brasileira andar para frente”, disse Lula.

A eletrificação também deve entrar no plano de transição ecológica do Ministério da Fazenda. De acordo com o G1, Lula quer apresentá-lo na cúpula que vai reunir países da América do Sul e da União Europeia semana que vem na Bélgica.

Investimento em infraestrutura

Para Luciana, a transição energética não vem dissociada de uma retomada de investimento em infraestrutura.

“Se nós formos grandes exportadores de produtos verdes, vamos ter que adequar portos, vamos ter que adequar a logística”.

Ela chamou a atenção para o papel do banco de fomento como indutor de investimentos em infraestrutura e disse que a ambição, junto com mercado de capitais, deve ser em direção à transição energética.

“É um mundo de trilhões de dólares de investimento e que tende a ser inflacionário. Então o papel dos bancos de fomento aumenta, não somente no Brasil mas no mundo todo”.

Segundo estimativas da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), o Brasil precisará de R$ 3,7 trilhões em investimentos, nos próximos dez anos, em mobilidade urbana, energia, saneamento, transporte e logística.

Transição justa

transição tem que ser justa e contar com todos os tipos de financiamento, porque o mercado privado sozinho não dará conta de preencher todas as lacunas de investimentos, diz Luciana.

“É muito mais sobre como a gente vai se organizar e aumentar os investimentos no Brasil. A chancela do BNDES atrai mercado de capitais privados”.

Outro ponto é que janela para o Brasil se posicionar na economia verde deve se fechar em 2030, avalia, já que o resto do mundo está correndo atrás para estabelecer cadeias de suprimento para a transição, e parte desse mercado tem mais capital e com um custo menor que o Brasil.

“Estamos atrasados, mas ainda dá tempo. Com regulação, com incentivos e subsídios corretos para as indústrias do futuro, de baixo carbono”, completa.

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